Atualizado em 06/07/2020 

Próxima atualização: 13/07/2020

          

Tendência para a semana de 06/07/2020 à 12/07/2020

Tempestades e novo ciclone extratropical trazem tempestades e rajadas de vento de 80 a 100 km/h na quarta-feira: 

A formação de um novo  ciclone extratropical sobre o oceano Atlântico Sul e tempestades associadas  ao ciclone trazem tempestades severas no norte do RS e rajadas de vento para a zona sul e litoral do RS na quarta-feira. 

Tempestades Severas: a partir da madrugada de terça-feira dia 07/07/2020 tempestades severas vão se formar no norte do Rio Grande do Sul e se propagam no decorrer do dia para as áreas da Serra gaúcha, central, capital e litoral norte do RS. Essas tempestades podem gerar rajadas maiores que 100 km/h em alguns pontos e chuvas de forte intensidade com volumes maiores que 20 mm/h e acumulados totais de até 100 mm.  Além disso, essas tempestades vão gerar muitas descargas elétricas atmosféricas com chance da ocorrência granizo. Acompanhe boletins regionais e  contacte o meteorologista da sua região para um melhor detalhamento a partir de imagens de radar, satélite, dados de descargas elétricas e modelos  para monitoramento maior detalhamento da previsão.

Ciclone Extratropical - Rajadas entre 80 a 90 km/h: Na quarta-feira dia 08/07/2020 ventos se intensificarão na zona sul e litoral do Rio Grande do Sul devido a formação de um novo ciclone extratropical. As rajadas de vento podem ultrapassar valores de 80 km/h nas regiões de  Rio Grande, Cassino, Capilha, Santa Vitória do Palmar, Chuí e São José do Norte. 

Rajadas maiores que 60 km/h: Nas áreas de Pelotas, Jaguarão, Porto Alegre, São Lourenço do Sul, Camaquã, Tramandaí, Torres as previsões de modelos numéricos indicam rajadas entre 60 km/h e 80 km/h. 

Ondas de 2 a 3 m no litoral: devido a passagem do ciclone extratropical, na quarta-feira as ondas do mar poderão alcançar entre 2 a 3m de altura no litoral rio-grandense entre quarta e quinta-feira. O mar segue agitado até sexta-feira com ondas próximo à 1,5m.

Chuvas: as tempestades na porção central, capital e norte do RS podem provocar chuvas de forte intensidade com volumes maiores que 20 mm/h e acumulados totais de até 100 mm em alguns pontos. Nas porção sul do estado, as chuvas terão volumes  acumulados entre 30 a 50 mm entre a terça e quarta-feiradevido a formação do ciclone extratropical. Logo a passagem do ciclone o tempo fica estável voltando a ter instabilidades e chuvas esparsas no domingo. 

Frio intenso e geada: ao final de quarta-feira uma massa de ar frio oriunda da Argentina reduz as temperaturas em todo o Rio Grande do Sul. As temperaturas mínimas ficarão abaixo de 3˚C nas regiões da campanha, zona sul, oeste e central; abaixo de zero grau nos pontos de coxilhas e serra e abaixo de 8˚ no noroeste, capital e litoral. Geadas intensas estarão presentes em boa parte do estado. 

Tendência para meados de julho

A terceira semana de julho começará com a entrada de um frente fria no domingo dia 12/07 e propagação durante a segunda-feira dia 13/07. Logo após, uma sistema de alta pressão com ar frio e seco deixa o estado com temperaturas baixas e sem chuva. Já para meio e final da terceira semana as chuvas podem retornar para as regiões norte, Serra e Capital. Nas demais áreas o tempo fica estável. 

Previsão climática para o trimestre julho-agosto-setembro

Chuvas de junho na zona sul acima da média. O volume acumulado mensal de chuva para Pelotas foi o maior dos últimos anos, superando a marca de 245 mm, muito acima da média de junho que é de 119 mm (Figura 1). Várias cidades ultrapassaram o valor médio mensal devido às frentes frias e as tempestades como as associadas ao ciclone extratropical explosivo.  Outros registros de chuva mensal de junho foram: 241 mm em Rio Grande, 223 mm em Bagé, 306 mm em Canela, 250 mm em Porto Alegre, 257 mm em Santa Rosa, 276 mm em Chuí, 294 mm em Cruz Alta. Os modelos climáticos indicam um inverno com chuvas dentro da média para o Rio Grande do Sul, ou seja com valores entre 120 e 150 mm mensais dependendo da estação meteorológica. As temperaturas mínimas tendem a ficar ligeiramente abaixo da média devido ao número de dias secos e frios. Já as máximas tendem a ficar dentro da média. Mais detalhes acompanhe abaixo no Boletim Climático de Inverno (Anexo 1) elaborado pelo grupo de pesquisa do Prof. Julio Marques, especialista em Climatologia.

Figura 1a: Precipitação acumulada mensal (barras azuis) e média climatológica mensal (linha vermelha) para a estação de Pelotas-RS (EAPel - Estação Agroclimatológica de Pelotas mantida pela UFPel, Embrapa e Inmet).

 

Este boletim foi elaborado de forma colaborativa entre equipe do CPMET, PET Meteorologia, professores, alunos de graduação e pós graduação em Meteorologia da UFPEL inseridos no projeto de ensino Bjerknes e o pós-doutorando do PPGMET Dr. Douglas Lindemann. O modelo de previsão do modelo climático do Prof. Julio Marques está sendo rodado nos computadores da universidade. Desde o boletim #14 são inseridas previsões do modelo Ensemble do projeto Prof. Mateus Teixeira. O boletim é atualizado sempre no início da semana e disponível no site do CPMET e da UFPEL. Para maiores informações de monitoramento e previsão do tempo acesse o site do CPMET/UFPEL http://wp.ufpel.edu.br/cppmet/

O CICLONE EXTRATROPICAL EXPLOSIVO DE 01 

Para entender o ciclone extratropical, indicamos algumas leituras interessantes sobre o fenômeno Ciclone Extratropical Explosivo (ou bomba). 

  • Artigo dos Profs. Vilson Ávila e André Becker da UFPEL:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe/article/view/233725

https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe/article/download/233725/27286  (pdf) 

  • Tese do Prof. Vilson de 2018 sobre Ciclones Explosivos no Atlântico do Sul

https://lume.ufrgs.br/handle/10183/189064

  • Artigo Climatologia Ciclones Extratropicais (2013)

por Daniel Bitencourt, Marcia Fuentes e Camila Cardoso (Fundacentro e IFSC)

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-77862013000100005&lng=pt&tlng=pt 

  • NOTA DO INMET:

https://portal.inmet.gov.br/noticias/ciclone-bomba-fortes-ventos-e-tempestades-associados-à-formação-do-ciclone-extratropical-e-ao-desenvolvimento-de-uma-ciclogênese-explosiva-ou-ciclone-bomba

NOTA METEOROLOGISTAS INTERNACIONAIS  (texto completo abaixo no Anexo 2) 

Link 

https://drive.google.com/file/d/1tLw538WEzVXjyFMQLp2yKYKQrmNJvnBX/view

ANEXO 1: BOLETIM CLIMÁTICO DE INVERNO 2020 Prof. Julio Marques  

Climatologia do Inverno - Rio Grande do Sul

O inverno austral no Hemisfério Sul começa no final de junho (este ano no dia 20), no entanto o período de frio intenso no Sul do Brasil ocorre normalmente centrado nos meses de junho e julho (inverno climatológico). O inverno austral no RS apresenta grande variabilidade térmica ao longo do trimestre, com influencia de fortes massas polar, preferencialmente no inicio e influencias maiores de massas tropicais no seu final. É comum ocorrer veranicos (períodos quentes) preferencialmente no mês de agosto. A climatologia das temperaturas mínimas (Figura 1) mostra maior possibilidade de ocorrer frios intensos e formações de geadas em regiões de maior relevo e preferencialmente no mês de julho, reduzindo gradativamente para os demais meses. As variações climáticas das temperaturas máximas mensais (Figura 2) são bastante similares às temperaturas mínimas, apresentando gradativo aumento no decorrer do inverno, especialmente na parte oeste do RS. A climatologia da precipitação Acumulada (Figura 3) durante o inverno é semelhante às demais estações do ano no RS, apresentando gradiente de sudoeste para nordeste. A similaridade entre os totais sazonais é função da regularidade das frentes frias ao longo do ano. No entanto, as precipitações durante o inverno são mais efetivas para reabastecer as reservas hídricas. Maior efetividade da precipitação é devido a menor evaporação durante o inverno. O saldo entre a precipitação e evaporação indica o potencial hídrico disponível para armazenamento. Regiões próximas a grande lagos e oceanos apresentam menor evaporação em relação as mais distantes (Figura 3), como o litoral e oeste do RS. 

 

Previsão para Inverno 2020 - Rio Grande do Sul

 

As previsões apresentadas são resultados do Modelo Regional Climatológico implementado no Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (UFPel). A saída do modelo é mensal (julho, agosto e setembro) para melhor representar a variação intra-sazonal do inverno de 2020. As anomalias previstas (diferenças em relação à climatologia) para as temperaturas mínimas (Figura 4) e máximas (Figura 5) mostram um começo de inverno (mês de julho) com predomínio de temperaturas um pouco mais baixas (anomalias negativas) e um final com temperaturas mais elevadas (anomalias positivas). A tendência mostra para o mês de julho predomínios de massas de ar frias mais intensas, causando anomalias negativas em todas as regiões do RS, aumentando a probabilidade de formação de geadas. Já o gradativo aumento padrão das temperaturas no final do inverno deverá ser mais intenso, especialmente a partir do mês de agosto. 

Os padrões previstos de anomalias das precipitações (Figura 6) sobre o RS mostram começo e meio do inverno com irregularidades, oscilando entre normal e pouco abaixo na parte oeste e entre normal e pouco acima na parte leste. No final do inverno as precipitações tendem a aumentarem, especialmente na metade norte do RS. 

As anomalias de precipitação mensais acumuladas (Figura 7) para o todo o inverno (julho, agosto e setembro) quando sobrepostas mostram duas regiões bem distintas ao longo do inverno, uma no oeste e outra no nordeste. Estes totais acumulados são em relação a normal climatológica, os quais indicam deficiência de entre 40 e 90 mm no oeste e excesso entre 90 e 140 mm no nordeste. No entanto, o saldo entre a precipitação prevista e evaporação prevista representa melhor o potencial hídrico disponível para armazenamento. A figura 7 mostra os saldos Efetivos e notam-se valores pequenos no oeste, indicando pequeno potencial de recuperação hídrica durante o inverno. A recuperação hídrica natural ao longo do inverno no RS aumenta significativamente em direção à região nordeste. Salienta-se a necessidade de permanecer controlando os recursos naturais, especialmente no oeste do RS, visto que ainda estamos com grande deficiência hídrica acumulada dos últimos meses. 

  

ANEXO 2: “Análise Preliminar do Tempo Severo de 30 de junho de 2020 no sul do Brasil” Grupo Internacional de Meteorologistas . Disponível em https://drive.google.com/file/d/1tLw538WEzVXjyFMQLp2yKYKQrmNJvnBX/view

 

Análise do Tempo Severo de 30 de junho de 2020 no sul do Brasil

 

Documento “PRELIMINAR” elaborado por “Grupo de Meteorologistas Internacionais”:

Allef Matos (Brasil), Bruno Capucin (Brasil), Fernando Rafael (Brasil), Gabriel Cassol (Brasil), Vitor Goede (Brasil) José Gálvez (EUA) e Néstor Santayana (Uruguai)

 

Agradecimentos:

Bruno Zanetti (Brasil), Nelson Quispe (Peru) e Sergio Dorrego (Uruguai)

 

Hipótese: Estados de Santa Catarina, Paraná e norte de Rio Grande de Sul afetados por um Derecho. Resumo da situação sinótica e sua evolução 

Durante a pré-ciclogênese (madrugada de 30 de junho), um cavado invertido estava acoplado a Baixa do Noroeste Argentino (BNOA) e se estendia até o Rio Grande do Sul. Essa configuração apresentava um Jato de Baixos Níveis (JBN) superior a 70 km/h em 850 hPa. Já em altos níveis (250 hPa), verificou-se um cavado associado ao ramo norte do jato polar sobre o norte da Argentina. Entre a madrugada e o fim da manhã do dia 30, o cavado de nível superior passou a adquirir inclinação negativa (SO-NE), com forte difluência a jusante. Tais fatores levaram ao rápido desenvolvimento de uma onda frontal sobre o continente durante a manhã do dia 30, sobretudo entre o norte argentino, sul do Paraguai e o Rio Grande do Sul. 

Na tarde da terça-feira (30), o ciclone extratropical se deslocou para sudeste e se intensificou a cerca de 500 km da costa do sul do Brasil e leste do Uruguai. Esse sistema apresentou característica de ciclogênese explosiva (também denominada bomba atmosférica), termos utilizados para referenciar uma queda significativa da pressão atmosférica na região central do sistema num curto período de tempo. Sanders e Gyakum (1980) consideram uma ciclogênese explosiva em 60° de latitude quando a pressão central do ciclone decresce pelo menos 24 hPa em 24 horas. No entanto, para a latitude do sistema em questão (~33°S), uma redução de 16 a 18 hPa em 24 horas já atende ao critério. O ciclone investigado neste estudo apresentou redução de 35 a 38 hPa em 24 horas (com um centro inferior a 972 hPa), condição atmosférica potencialmente perigosa e que gerou ventos muito fortes no sul e leste do Uruguai (70-111 km/h) e no litoral do Rio Grande do Sul (80-116 km/h). Além disso, elevadas ondas devido ao fetch, que oscilou entre 3 a 6 metros na costa, e valores superiores próximo ao centro do ciclone. 

Durante à noite da segunda-feira (29) e as primeiras horas da terça-feira (30), o cavado invertido em superfície juntamente com a difluência nos níveis superiores e a forte confluência dos ventos na saída do JBN, gerou um ambiente instável que formou tempestades severas. O centro-sul e leste do Paraguai, assim como o norte e nordeste da Argentina registraram ventos entre 70-100 km/h, granizo de pequeno e médio porte, chuvas intensas, atividade elétrica e um possível tornado (em campo aberto) em Paraguai. Esses fenômenos deixaram danos desde a capital paraguaia (Assunção) até o nordeste e leste do país. No entanto, registros de danos foram reportados também na província de Corrientes, na Argentina, com as mesmas características de severidade.

 

Do meio-dia em diante na terça-feira (30), a recém onda frontal formada já afetava os estados do sul do Brasil com sua frente fria. Uma linha de instabilidade (LI) pré-frontal (na vanguarda do sistema frontal) avançou rapidamente sobre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Essa LI adquiriu uma característica extrema, conhecida na literatura pelo nome de Derecho, deixando um rastro de destruição do Paraguai até o litoral brasileiro (> 650 km). Os ventos mais intensos foram registrados nos estados do Brasil, permanecendo intensos por mais de 400 km, com valores entre 90-130 km/h e superiores; principalmente nas cidades de Santa Catarina. Segundo os noticiários brasileiros, 12 pessoas morreram em decorrência do mau tempo no sul do Brasil. 

 

 

 

 

 

Análise 

Conforme a explanação acima, salienta-se que o evento de tempo severo que atingiu a região de estudo teve suporte das condições dinâmicas e termodinâmicas da atmosfera. 

Um cavado de orientação negativa e difluente associado a corrente de jato favoreceu dinamicamente a formação de um ciclone e seu aprofundamento sobre o Oceano Atlântico, além de aumentar a divergência sobre a tríplice fronteira (Paraguai, Argentina e Brasil). Em baixos níveis esse padrão esteve acompanhado por um JBN muito intenso (70/110 km/h), que advectou ar quente e úmido de norte. A instabilidade contribuiu para movimentos ascendentes em toda a coluna, com valores de lifted de -3/-6, enquanto o CAPE - Convective Available Potencial Energy - (sem inibição) esteve limitado a 1000 J/kg na área e valores superiores a 2000 J/kg no Paraná. Com relação a água precipitável, essa esteve entre 20/45 mm. Já o cisalhamento direcional e de magnitude do vento se mostrou intenso: 0-3 km e 0-6 km, respetivamente.

Ventos intensos (jet streak) no setor oeste de um cavado (500 a 250 hPa) sobre os Andes (~27°S) na madrugada do dia 30 de junho, favoreceram a inclinação negativa do sistema durante a manhã. Isso aumentou a ascensão de grande escala, que por sua vez intensificou a convecção sobre o limite frontal nas horas mais quentes do dia.

 

A rápida intensificação do ciclone extratropical entre o leste do Rio Grande do Sul e o Oceano Atlântico foi acompanhada por uma dobra significativa da tropopausa. O fenômeno pode ser observado pela intrusão de ar estratosférico (rico em ozônio), o que gerou um aquecimento vertical na região central do ciclone entre os altos e baixos níveis da troposfera. Esse aumento da temperatura na coluna pode ser evidenciado no corte vertical do modelo numérico (Fig. 03 – direita). 

 

 

 

 

Dados utilizados para a análise preliminar

Modelos: WRF (CPTEC - Brasil) e GFS (EUA visualizado em Wingridds e Python)

Sensoriamento remoto em superfície e outros dados: Inmet (Brasil), Marinha do Brasil, Simepar (Brasil), Inumet (Uruguai), Senamhi (Peru), Dincac (Paraguai) Registro de tempo severo do Brasil (Bruno Zanetti e Guilherme Schild) Satélite Goes 16: Canal 13 e GLM.

Dados de danos e outros relatórios: Diferentes meios de imprensa do Paraguai, Argentina e Brasil.

 

Conclusões 

Diante do que fora exposto, os ventos intensos que causaram grandes prejuízos materiais e vítimas fatais, na tarde da terça-feira do 30 de junho, sobretudo no estado de Santa Catarina; foram gerados por uma Linha de Instabilidade (LI) pré-frontal e não diretamente pela ação do ciclone explosivo (ou ciclone bomba)

A Linha de Instabilidade pré-frontal (confirmado em imagens de radar), com ventos entre 90 – 130 km/h (e maiores) provocou um rastro de destruição por mais de 400 km entre o oeste e o litoral de Santa Catarina (Brasil), além de partes do estado do Paraná, o que atenderia aos critérios de Derecho estabelecido por JH87. Devido ao fato de ter sido forçado externamente por uma forçante de escala sinótica (estava associado ao avanço do sistema frontal), tratou-se de um Derecho do tipo Serial. 

Os ventos intensos diretamente relacionados ao ciclone (ventos devido ao aumento do gradiente de pressão e não relacionado ao Derecho) foram registrados no final de 30 de junho (no Uruguai e no extremo sul do Brasil) e principalmente durante 1o de julho no litoral do Rio Grande do Sul (Brasil).

 

Contudo, trata-se de uma análise preliminar e estudos posteriores serão desenvolvidos a fim de melhor entender os mecanismos dinâmicos e termodinâmicos envolvidos durante o evento, tendo em vista que estudos recentes modificaram os critérios de Derecho estabelecidos por JH87. 

Esclarecimento

Este documento foi elaborado com o único objetivo de fornecer nosso ponto de vista (preliminar), com base em uma estrutura meteorológica teórica sobre esse fenômeno severo.

 

Esclarecendo que, embora houvesse uma relação indireta, não é correto relatar que o fenômeno e os danos ocorridos em Santa Catarina foram devidos aos ventos do ciclone extratropical (com características explosivas). 

Este relatório pode ser utilizado em pesquisas futuras sob condições da seguinte referência: "Análise Preliminar do Tempo Severo de 30 de junho de 2020 no sul do Brasil, elaborado pelo Grupo Internacional de Meteorologistas", em que os nomes dos autores estão listados abaixo no tópico “contatos”.

 

 

Conceitos Referenciais

Derecho: zona de ventos intensos de caráter retilíneo, de larga duração e de origem convectiva que se desloca a uma grande velocidade. Pode ser definido também como um grupo de correntes descendentes (downbursts ou micro explosões) com ventos em superfície de menos 93 km/h produzidos por um sistema convectivo de mesoescala que se estende por pelo menos por 400 km (JH87 - American Meteorological Society).

 

Fetch: área da superfície do oceano ou lago sobre a qual o vento sopra em uma direção essencialmente constante, gerando ondas (Meteorology Education and Training).

 

Eco de arco (Bow echo): pequeno sistema de células convectivas (de 20 a 120 km de comprimento) em forma de arco. Geralmente é conhecido por produzir longas faixas de ventos prejudiciais na superfície. Eles são observados como sistemas convectivos isolados, assim como subestruturas de um sistema convectivo maior e duram geralmente menos de 6 horas (Fujita, 1978).

 

Ciclogênese explosiva ou “Ciclone Bomba”: são ciclones que produzem grandes quantidades de precipitação e geram ventos fortes. No oceano produz ondas altas e pouca visibilidade. Caracteriza-se por um rápido aprofundamento da pressão em superfície de 1 Bergeron (queda de 1 hPa/hora, em um período de 24 horas, para uma latitude de 60°) (Sanders e Gyakum, 1980).

 

Contatos - Meteorologistas

 

Brasil

 

Allef Matos - allefpatrickmatos@gmail.com

Bruno Capucin - brunocapucin23@gmail.com Fernando Rafael - fernando.rafael2309@gmail.com Gabriel Cassol - gabrielcassol09@gmail.com

Vitor Goede - vitor.goede@gmail.com

 

EUA

 

José Gálvez - jose.galvez@noaa.gov Uruguai

 

Néstor Santayana - nsantayanadpt@gmail.com

 

“Análise Preliminar do Tempo Severo de 30 de junho de 2020 no sul do Brasil” Grupo Internacional de Meteorologistas